Talvez você não dê
muita importância ao assunto e sequer perceba o perigo a sua volta, mas o ar
que respiramos diariamente pode ser fatal. Divulgada no ano passado, uma
pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que nove em cada 10
pessoas no mundo estão expostas a concentrações de poluentes acima dos limites
recomendados. No Brasil, o problema é responsável pela morte de 50 mil pessoas
a cada ano, por causar doenças como câncer de pulmão, ataque cardíaco e derrame
cerebral.
A relação entre poluição e maior mortalidade já foi amplamente
comprovada pela ciência. Há estudos que mostram, por exemplo, que suspender a
circulação de veículos em uma grande cidade por um determinado período reduz a
taxa de mortes por doenças respiratórias - situação que ocorreu em Atlanta, nos
Estados Unidos, durante a realização da Olimpíada e se repetiu em outras
cidades-sede do evento.
“A correlação é direta e está muito bem documentada: se você tem ar
poluído, tem mais doença respiratória, independentemente de qual é a condição
do paciente, porque isso é agressivo para o sistema respiratório”, alerta a
pneumologista pediátrica Maria Helena Bussamra, do Hospital Infantil Sabará.
Os chamados materiais particulados são os principais responsáveis por
atentar contra nossa saúde - são eles que sujam de cinza as fachadas de
edifícios. No organismo, entram pelas narinas até o pulmão e, a partir daí,
espalham-se pela corrente sanguínea e o corpo inteiro.
“A poluição pode tanto causar novas doenças como exacerbar aquelas já
existentes. Quem tem asma ou bronquite crônica, por exemplo, pode ter piora do
quadro quando exposto a uma concentração elevada de poluentes. Pessoas
saudáveis podem desenvolver doenças agudas como infecção respiratória e asma ou
problemas um pouco mais leves como rinite e nariz escorrendo”, esclarece o
pneumologista Carlos Tietboehl, coordenador da Comissão Científica de Doenças
Ocupacionais e Ambientais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
(SBPT).
Alguns sintomas causados pelo ar sujo são fáceis de notar, como garganta
e boca secas, falta de ar e tosse. São tentativas do corpo de expulsar os
intrusos que entram no sistema respiratório. Mas também há sinais silenciosos,
como maior risco de infarto, obesidade, prejuízo à memória e até mesmo impacto
na fertilidade.
Risco maior para crianças e idosos
A baixa imunidade de idosos e crianças torna esses dois grupos mais
suscetíveis aos males causados pela poluição. Os bebês sofrem ainda mais. “O
calibre da via aérea das crianças é menor do que dos adultos, o que facilita a
obstrução. Além disso, como o sistema imunológico delas tem uma resposta mais
baixa, elas ficam mais suscetíveis aos vírus, e a poluição aumenta a circulação
de vírus”, comenta Maria Helena.
Mas se o perigo está no ar que respiramos, como se proteger? As medidas
mais importantes dependem de ações coletivas, como controle dos escapamentos
dos veículos para reduzir a emissão de poluentes, maior uso do transporte
coletivo e de energias limpas e renováveis. São iniciativas que fazem bem para
a saúde do ambiente e de todos nós que nele vivemos.
Mas algumas atitudes individuais também podem ajudar. Quem pratica
atividade física ao ar livre, por exemplo, deve evitar exercícios intensos em
locais com muito trânsito, que são mais poluídos. “A atividade exige uma
frequência respiratória maior, portanto, vai entrar mais ar contaminado no
pulmão”, afirma Tietboehl. O uso de máscaras, muito comuns em países asiáticos,
é uma boa forma de prevenção para quem precisa se expor ao ambiente.
Ficar dentro de casa também não é garantia de segurança, pois o material
particulado consegue entrar. Além disso, há fontes de poluição nos próprios
lares, como queima de madeira em lareiras e fogões a lenha.
Para manter a casa mais protegida, além de evitar essas fontes de
poluentes, uma boa saída é usar umidificadores de ar, principalmente para quem
mora em cidades muito secas.
Uma forma de proteger bebês e crianças é a limpeza frequente do nariz. “A narina deve ser higienizada com soro pelo menos duas vezes ao dia, preventivamente. Quando o problema está instalado, é preciso limpá-la toda vez que há entupimento”, indica a pneumologista pediátrica do Hospital Infantil Sabará.
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